quarta-feira, 25 de março de 2009

CASTIGO DA TUA AUSÊNCIA,,,

A noite passada

A noite passada não adormeci

Respirei fundo mil vezes mil outras mil vezes

Perdi a conta das tantas vezes que virei o rosto na almofada

Eu que nunca durmo sobre ela... curioso

A janela semiaberta

O vento entrava furiosamente no quarto

Trazia o sal do mar

A lembrança do amor que seca os lábios

Que arrepia o corpo

Procurei acender a luz

Quis pegar num livro para ler

Quis acender a televisão para iniciar mais um zapping sem sentido

Quis pensar em tudo menos no que me tirava o sono

Não consegui

Fechei novamente os olhos

Comecei a escrever

O tecto, o quadro

O giz, uma estrela cadente que agarrei num sonho

As letras eram grandes, luminosas

Como o tamanho do silêncio que me percorre esta noite

As palavras intensas e roucas

Sem pontuação

Abri os olhos e tentei ler

Interpretar a escrita

O sentimento.

Estavam escritos os cinco sentidos mais um

Quantas imagens conseguimos salvar no cartão da nossa memória?

Quantos sons tem um momento de amor?

Quantos são os cheiros que combinados nos trazem apaixonados ao longo de uma vida inteira?

Quantos sabores tem uma caminhada a dois numa praia?

Quantas são as curvas do corpo que temos de percorrer para nos entregarmos?

Quantos de nós já encontrámos a inteligência emocional na palavra Amor?

Somos perfeitos e ignorantes?

Procuramos a perfeição imperfeita?

Mas perdemos tanto de tudo.

No entanto, são estes pequenos nadas de tudo que nos fazem viver

Que nos fazem seguir...

E a noite passada segui...

Levantei-me e dirigi-me até à praia

A noite estava cerrada

A lua espreitava de quando em quando iluminando o caminho

Caminhei descalça sobre a areia

Deitei-me

A areia fina mas fria nas mãos

Fechei-as e senti-te na memória das mãos

Abri os braços e fiquei a olhar o astro

Perante tal imensidão de espaço

Invadiu-me a sensação de pequenez

O corpo

Vencido

Embalou ao som do mar...

Sempre o mar.

Onde as estrelas ainda nos chamam a atenção no astro

Onde sou imortal

Sou vida

Sou infinito

E convencemo-nos de que é possível voar

Porque a vida não pára e,

Os sonhos renovam-se a cada vaga

A cada som

Os olhos ficaram brilhantes

Lágrimas escorreram pelo meu rosto

Sem saber ao certo quando acabam

Lágrimas de saudade do teu beijo

Caminharam até ao mar

E quando se misturaram com o sal

Ouvi o mar sussurrar que era o Castigo da Ausência...

@GUIRIGUITA@

Sem comentários: